terça-feira, 26 de novembro de 2013

Travessia Fonte da Telha - Trafaria





Chegada a ocasião dos Novos Trilhos atravessarem a ponte, para a pé percorrerem as praias, as arribas e os pinhais que do lado de lá do Tejo nos sussurram promessas de verão todo o ano. 

Neste início de Outubro e de Outono, não restam se não memórias do verão, permanecem no entanto os areais a perder de vista, a areia dourada e fofa, o mar verde mais azul, as tardes mornas na esplanada, o pôr-do-sol aconchegante, a Foz do Tejo, a vista do Bugio, o Parque Natural da Arriba Fóssil, o Convento dos Capuchos e a Mata dos Medos.

Estava dado o mote! Para tudo o mais que nos leva a não ficar em casa, lá estaria o grupo Novos Trilhos!

Assim nos achámos, cedinho pela manhã, na Trafaria e pouco depois, organizada a logística, na Fonte da Telha, prontos para a travessia!

Vista da Fonte da Telha para Norte - Pinhal dos Medos, Costa da Caparica e Foz do Rio Tejo

A Praia da Fonte da Telha apresenta um extenso areal, do qual se pode observar a imponente arriba fóssil, uma área de paisagem protegida pela sua riqueza natural. Aí subsiste ainda uma pequena comunidade de pescadores.

 


 

A Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica é uma área protegida criada em 1984, abrangendo uma área total de 1570 hectares ao longo da arriba litoral Oeste da Península de Setúbal, estendendo-se pelo concelho de Almada e o de Sesimbra, na faixa litoral entre a Costa da Caparica (a Norte) e a Lagoa de Albufeira (a Sul), passando pelos Capuchos e a Fonte da Telha.

Arriba Fóssil

 

 

A arriba fóssil constitui o elemento mais relevante da paisagem protegida, devido à excepcionalidade dos seus aspectos geomorfológicos e palenteológicos. Encontra-se sujeita a uma permanente erosão provocada pela chuva, vento e pelo pisoteio que a vão desagregando e dando formas curiosas, caprichosamente talhadas, merecedoras de contemplação.

    


A área florestal da Mata dos Medos, situada no topo da arriba, terá sido mandada instalar pelo rei D. João V com o objectivo de evitar o avanço das areias das dunas ou "medos" (lê-se médos) para os terrenos agrícolas interiores.


 

Deixando a Mata dos Medos, atravessámos depois os terrenos agrícolas que ainda vão subsistindo. Quem diria que grande urbe da capital é já ali...

 




Para logo depois iniciarmos a subida até ao Convento dos Capuchos.

Convento dos Capuchos - Costa da Caparica


Convento dos Capuchos é um convento que fica localizado na área da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica. Foi mandado edificar por Lourenço Pires de Távora em 1558.


  

    

A partir do Convento dos Capuchos pode observar-se não só a Costa de Caparica, a sua extensa costa de praia e até os arredores, como se avista ainda uma esplêndida paisagem da Costa de LisboaEstoril e Cascais, com a Serra de Sintra no horizonte.


 

Lá no alto o Convento observa-nos na aproximação à Costa da Caparica. Outrora uma pitoresca aldeia de pescadores que a proximidade da cidade e o "progresso" tornaram incaracterística.

 

A caminho da Trafaria, com o Tejo por fundo avista-se S. João da Caparica e o seu extenso pinhal plantado no séc. XVIII, pertencente ao estado, com o qual se pretendeu fixar as dunas da costa e com duas valas de drenagem que permitiram enxugar as terras pantanosas entre a Arriba Fóssil e o Oceano Atlântico.

 

A Trafaria remonta a um pequeno aglomerado de pescadores, hoje ainda uma actividade embora reduzida da sua população.

Existem ainda vários fortes desactivados, incluídos no conjunto defensivo da barra e porto de Lisboa.


Na Trafaria a rainha D. Amélia inaugurou no ano de 1901, a primeira colónia balnear que existiu em Portugal. E esta!? Sinais de outros tempos que o futuro vai apagando.

Para a memória do Grupo Novos Trilhos, ficou mais uma caminhada animada pelas paisagens e património cultural deste cantinho português e ainda pelo convívio e boa disposição!

Grupo Novos Trilhos - Travessia Fonte da Telha - Trafaria








quarta-feira, 20 de novembro de 2013

GRANDE ROTA DAS LEZÍRIAS ( 60 km)



Depois dos 50kms entre os Castelos de Óbidos e Torres Vedras, a muito reclamada Caminhada Ultra-Longa (CUL), que se desenrolou no palco da Lezíria Ribatejana, acompanhando o curso do rio Tejo desde a vila de Azambuja até à estação ferroviária de Mato Miranda.




É aquele tipo de empreendimento que requer planeamento, encontrar o percurso que reúna as características pretendidas nem sempre se afigura fácil, e que a ser discutido requer cláusula de confidencialidade que a cumplicidade entre os membros do Grupo dispensa. Revelações antecipadas, que se deixem escapar por pura ingenuidade, redundarão inevitavelmente na censura alheia e comentários do tipo “60kms? Em quantos dias”, “Enlouqueceram de vez”, “Ora tretas”…
Falemos de números e aqui ficam alguns para a posteridade:
  •          Início: 5h30m
  •          Duração total (incluindo pausas): 13h30m
  •          Altimetria: 350 m de altitude positiva acumulada
  •          Nº de participantes: 24
  •          Distância percorrida: 60kms
  •          Distância acumulada percorrida: 1.410 kms
Como curiosidade, registe-se que, este conjunto de Caminheiros, percorreu uma distância total de 1.410kms, que em linha recta daria para ligar, entre outros Lisboa a Paris, Lisboa ao Mónaco, Lisboa à Madeira, Lisboa a Argel, Lisboa a Marrakech, até mesmo ir e voltar de Lisboa a Madrid.
Existe um outro universo que escapa à frieza numérica, senão vejamos:

·         AZAMBUJA

Por volta das 5h15m, quando era suposto ainda se estar em R.E.M., já se reúnem as hostes no local da concentração, estação ferroviária da Azambuja, numa admirável pontualidade que nada tem de lusitana e em que ninguém quer disputar o lugar de último a chegar, ainda que possa ter sido traído por falhas de GPS.


Ainda breu, percorrem-se os primeiros kms



 Logo surgem as primeiras dificuldades, prontamente resolvidas pelos Engenheiros de serviço



Ao raiar do dia: transposição de mais um obstáculo natural, onde ocorreu o bizarro incidente do desaparecimento da parte do meio do bastão; por campos agrícolas

 

 

·         PORTO DE MUGE

Primeira paragem para café ao fim de 15 kms



A marcha prossegue que o Caminho ainda é longo




·         RUMANDO A SANTARÉM



Doçaria regional, sempre muito apreciada



Ao longo do Tejo




Passando por Alfange*, na base da subida para Santarém 


*Gadanha, um tipo de foice, própria para colheita de cereais

 
“Quantos são, quantos são??? 60 kms? Acho que não tenho patas para isso…” 





Subida para Santarém




Nunca uma subida foi tão louvada após esforço contínuo nos mesmos músculos nos algo monótonos estradões da Lezíria
 
·         SANTARÉM


 


Portas do Sol, foto de grupo




Almoço dos pés descalços












·         RIBEIRA DE SANTARÉM 






Onde nos despedimos de uma das nossas Caminheiras


·          
           VALE DE FIGUEIRA

Campos de pimentão doce




Como nota gastronómica, refira-se que em Portugal, colorau é o nome dado à paprika – especiaria que resulta do pimentão doce seco e moído. De cor vermelha e travo ligeiramente picante, esta especiaria faz parte do goulash, especialidade húngara feita à base de pedaços de carne e vegetais. Muito usado em sopas e molhos, liga bem com carnes, aves e peixes, sendo muito apreciado em enchidos.
Illuminati

 

Campos de milho, campos de sonhos




Quando cai a noite no campo




·         MATO MIRANDA

Estação ferroviária de Mato Miranda


   




Por volta das 19h chegada a Mato Miranda, já noite escura e faltam 5 kms para o cumprimento do destino final. Em reunião no café local e após consulta às bases, conclui-se que não estão reunidas as condições necessárias para prosseguir a marcha. Apesar de afirmarem que estão perfeitas condições físicas, os elementos da linha dura cedem facilmente, vá-se lá saber porquê.
Voltando aos números, uma CUL de 60kms sempre acresce 20% à CUL anterior.

“Apenas” acrescentar que os quilómetros não percorridos foram amplamente compensados por um espírito de camaradagem e momentos de boa disposição que deixaram, no mínimo, intrigados os viajantes do comboio da linha da Azambuja que circulavam no composição que levou os Bravos Caminheiros de volta às suas viaturas. Entre holas, YYYYYESSSSSS, anedotas, risos, lágrimas, houve um pouco de tudo, ampla compensação para bolhas nos pés, assaduras, músculos doridos, fadiga.

·         DETALHES QUE ESCAPAM À FRIEZA NUMÉRICA