sábado, 4 de maio de 2013

De Ródão a Ródão pelo Conhal do Arneiro







 O tejo acordou, espreguiçou-se, abriu as águas e escondeu o trilho que acompanha a margem onde um gigantesco rochedo faz de ombreira ás portas que em Ródão lhe franqueiam a passagem.






Nada que importunasse os aventureiros que, já avisados e precavidos, tiraram do descanso o serrote, suposta salvação para abrir caminho entre vegetação labiríntica.






 Não foi o serrote mas o bastão que, manejado com denodo e vigor por valentes batedores peritos nas tarefas de abrir passagens enquanto os impávidos turistas se deliciam com os idílicos recantos da paisagem, deitou por terra o mato mais assustado que assustador, engalfinhado numa mural teia mas fraquinho para resistir a umas empenhadas bastonadas.




 

E nisto… – CÁ ESTÁ ELA! a informação antes do… - CUIDADO!!! o aviso veio com um enorme vrrruuuuummmmm… de pedras rebolando até que um leito no caminho as amansou e onde se deitaram a descansar enquanto não se ouvisse de novo… - CUIDADO! VENHAM COM CALMA!







E o cuidado entranhou-se naqueles corpos que subiam a encosta pejada de pedregulhos, que não os incomodava pelo esforço, mas inundava-os o receio dum pé mal apoiado em pedra móvel e lhe desse o jeito para deslizar numa vertigem roladora deixando pelo caminho penteados de risco ao meio nos alpinistas mais atrasados.










 
Meia encosta e um pequeno recompor da fadiga alimentando a vista com o que o que fora feito e o que havia para fazer.






Para cima é o lema, para cima era o caminho.





 
A pista até ao topo foi como entrar na selva virgem onde o mato as lianas as árvores abraçadas umas nas outras por ramos enormes e folhas densas, eram empecilhos vencidos entre escarpas de pedra e o rio deleitado no horizonte. Não era esforço sobre humano. Era um desafio à natureza vigiada por Grifos que, voando entre nuvens que ilustravam o imenso quadro azul, esperavam o tombo do mais fraco para um banquete de aprumo divinal.










Foi sorte que lhes não deram os intrépidos aventureiros.













Inteiros e contentes, chegaram à esplanada da varanda sobre o Tejo 











onde o olhar se evade pelos quatro cantos da rosa dos ventos, ponto de miragem para mundos atordoantes. 










Ai saborearam o prazer duma paisagem dum paraíso aqui tão perto, saboreando a doce banana no time que já tardava. 







Repouso merecido. Repouso encantado. Repouso em companhia das aves que se tornaram amigas acompanhado com seu piar as peripécias e galhofas que por ali jubilavam. Repouso que não teve uma casca de banana atirada para o vácuo e levada pelo vento no ar limpo e liso que se respirava no penhasco aquecido pelo sol.









Havia muito para andar, havia muito para ver. 






Se estavam em cima o destino era para baixo e a descer se chegou ao outro lado das portas, tão prazeirosas para o rio... 










tão excitantes de aventuras para lunáticos caminheiros, que só não se banharam no lago, ali remansoso... 








porque o tempo não esperava e o “ouro” do Conhal descoloria.








Outra pedreira. Mais modesta na distância empinada, mais soberba na distância nivelada.





Conhal de seu nome. Onde as pedras em tempos valeram “ouro”. Desconhece-se a quem essas  pepitas deram conforto, sabe-se que, do que restou, apenas se goza do que a vista absorve depois do desconforto.


Conforto que veio nos metros seguintes por





campos coloridos



memórias abandonadas






montes perfumados







ladeiras ensarilhadas









até ao Arneiro para um retempero: muscular, alimentar e nivelação de líquidos contra desidratações. Uns optaram por cevada fermentada os outros foram para o sumo de fruta porque o balão está onde se não espera e no fim a geladinha é de sabor mais animador.


Pernas ao caminho pela tarde aquecida pelo sol atulhado em temperatura. 


O Tejo deu entrada ao Nisa 
e a aventura foi pelas margens do rebento colorindo os caminhos onde as formas e cores das flores compunham quadros que aos pintores fariam inveja.



Numa enseada duma represa onde se cruzam caminhos, registou-se o grupo para a posteridade.



Subiu-se o rio contra a corrente, ora serena ora agreste, deixando recantos bucólicos, pasto de sonhos para sonhadores famintos.








O percurso a pé a certa altura fazia entroncamento com o percurso do rio. A passagem para o outro lado não resistiu à corrente e deslocou-se para sitio incerto deixando as margens ligadas apenas por agua que tinha por capricho molhar qualquer coisa que nela entrasse. 




E foi pela ponte que a imaginação ergueu,






que se aperaltaram para a passagem do rio levando os tamancos aos ombros enquanto os pés nus passavam as pedras lisas e as águas de ténue corrente que deslizava entre margens de vivo verde.


O sol escaldava e os kms castigavam. 


Valia o prazer do que viviam e viviam cada subida como um encontro com a passagem para o outro lado do espelho, como Alice, que viveu maravilhada no mundo da fantasia. 






No cimo dos monte, expandia-se a mente e voavam como Milhafres ou Cegonhas em busca de sementes que lhe alimentassem a alma.








Ao longe avista-se a serra onde as portas simbolizam a estreita passagem para o paraíso. Estavam perto da chegada e do fim duma aventura nesse paraíso descoberto para lá da passagem que tornaram larga.











A ponte que os vira partir, recebe-os à chegada recordando-lhes,







num olhar sobre o Tejo que deixara de se espreguiçar e mostrava o trilho que antes escondera,









que o rio é um afluente do tempo que nos pertence, desagua em nós e somos nós o seu amparo.









 






Depois foi a geladinha, huuuuummmmm…. Soube mesmo bem!  

joaocasaldafonte











 








                              













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